O envelhecimento é um processo natural do ser humano e com ele, chegam alterações físicas e mentais no nosso corpo. A perda de memória é um acontecimento comum entre pessoas com 60 anos ou mais, mas requer atenção da pessoa e de seus familiares, principalmente para não perder a qualidade de vida. A boa notícia é que há diversas formas de estimular o cérebro para fortalecer a memória e aumentar a longevidade.
O médico geriatra Carlos Cusmanich explica que a melhor forma de cuidar da memória é não separar a mente e o corpo, ou seja, praticar exercícios que estimulem ambos. Segundo ele, a perda de memória acontece por influência de fatores biológicos, como histórico genético de doenças degenerativas, existência de diabetes, hábitos alimentares inapropriados, consumo exagerado de bebidas alcoólicas, uso de drogas e a falta de nutrientes essenciais e hormônios no organismo. Para esses e outros casos, o que a pessoa pode fazer para aumentar a longevidade, além de consultar o médico regularmente, é praticar exercícios que estimulem o cérebro, principalmente exercícios físicos, o que aumenta o fornecimento de energia para o cérebro, e exercícios que despertem nossas emoções.
O que muitas pessoas não percebem é como a memória está diretamente ligada aos nossos sentimentos e emoções. Cusmanich cita como exemplo uma memória de curto prazo que não envolve emoções, como uma lista de supermercado, e um acontecimento marcante em nossa vida que nos deixou feliz ou triste, em que os itens da lista de supermercado são facilmente esquecidos se não são anotados enquanto o acontecimento fica marcado para sempre na nossa memória por ter despertado nosso sentimento. “A memória está relacionada com emoções, como já foi comprovado pela ciência, acontecimentos marcantes de nossa vida são dificilmente esquecidos. Temos que cuidar ao exigir memórias de curto prazo dos idosos, como contas a pagar e lista de supermercado, pois esse tipo de atividade é esquecido por pessoas de todas as idades, inclusive jovens”, complementa o médico.
Entre os exercícios recomendados por Carlos Cusmanich estão os que estimulam nosso cérebro e ao mesmo tempo nosso corpo e emocional. Como exemplo, o geriatra cita caminhadas, atividades não rotineiras e desafiadoras, interação com pessoas, jogos de cartas, tabuleiro e dominó que envolvam e necessitem de outros participantes e, claro, uma boa alimentação e consumo de vitaminas e suplementos que estejam faltando no organismo. “Os exercícios psíquicos ainda não possuem evidências que tenham eficácia para melhorar ou preservar a memória do idoso. Isso porque, a maioria dos exercícios não envolvem emoções e a consequente liberação de hormônios, neurotransmissores e a produção de neurônios, que são as principais células do cérebro. Por isso, uma atividade em que o idoso interage com outras pessoas ou exercite seu corpo são melhores para preservar sua memória do que um jogo de palavras cruzadas em que a pessoa fica sozinha”, completou Cusmanich.
A influenciadora digital, Sueli Rodrigues, já sabia da importância do exercício físico e da interação com outras pessoas para a memória e conta que não vive sem sua caminhadinha diária ou sua conversa com os “seguimores”. “Eu sou uma pessoa muito ativa, não tem problema com a minha idade e gosto de comemorar todo aniversário que eu faço pois significa que foi mais um ano vivido. E para que venham mais anos pela frente, eu cuido de mim e da minha saúde, faço uma caminhadinha no fim da tarde aqui no bairro onde eu moro sozinha ou com amigas, e diariamente me relaciono com meu marido, vizinhos e com meus seguidores”, conta Sueli.
Além da prevenção à perda de memória através de exercícios estimulantes, também é necessário ficar atento aos sinais de perda de memória. A geriatra do Ambulatório Multiprofissional do Idoso do Complexo Hospital de Clínicas Dra. Geraldine Maciel indica quais são os principais sinais de alerta com as questões da memória dos idosos e orienta para que o idoso e a família busquem orientação médica para melhor diagnosticar e tratar. Segundo ela, é preciso ter atenção com a perda de memória para fatos recentes até os casos mais extremos como o não reconhecimento de si próprio; a dificuldade de planejar; trocas e esquecimentos de nomes frequentes; uso de palavras incomuns e criação de palavras próprias; alteração na orientação temporal e espacial e dificuldade de realizar tarefas do dia a dia como tomar banho e se vestir.