A saúde mental é um tema abundantemente abordado atualmente pelo alto número de notificações do desenvolvimento de transtornos mentais. Nas mulheres, esse número representa a grande parte e por isso, é preciso ter atenção especial, respeitando particularidades.
As pesquisas epidemiológicas, ou seja, quase todas as pesquisas que investigam a questão da saúde mental, quando comparadas entre homens e mulheres, quase sempre a saúde mental da mulher é acometida de mais agravos. O relatório ‘Esgotadas: empobrecimento, a sobrecarga de cuidado e o sofrimento psíquico das mulheres’, desenvolvido pela Organização não-governamental (ONG) Think Olga, publicado em 2023, mostra que 45% das mulheres apresentam um quadro de ansiedade, depressão ou algum outro transtorno mental.
A psicóloga Janete Knapik faz parte de um grupo de pesquisas do laboratório da UFSC e da Universidade Positivo. “Todas as pesquisas que eu já fiz, quase sempre, a mulher tem mais agravos, ou seja, ela sofre principalmente de ansiedade, estresse e depressão”. Seja no trabalho ou no convívio com a família, é importante olhar e ter esse cuidado. “A mulher exerce um papel de multitarefas”. E o resultado é uma rotina sobrecarregada.
Segundo a Organização Mundial da Saúde, o gênero implica em diferentes vulnerabilidades e exposições a riscos específicos para a saúde mental, por questões de diferentes processos biológicos em relações sociais. “O que a gente tem como como dado evidenciado cientificamente é a prevalência do estresse ocupacional, do cansaço e do estresse vindo do trabalho. Em mulheres brancas, a prevalência é de 23,7%, enquanto em homens brancos é de 17,6%”, evidencia.
Por que as mulheres têm mais chances de desenvolver transtornos mentais?
As pesquisas mostram que a questão da suscetibilidade emocional das mulheres tem uma série de fatores, por exemplo, alterações hormonais e menopausa. As desigualdades de gênero, principalmente na questão do trabalho, os homens acabam sendo mais bem remunerados, por exemplo. “As mulheres acabam tendo uma sobrecarga de trabalho, até porque elas ainda dão conta das atividades domésticas, né? Então a gente costuma falar que as mulheres precisam de vários braços, dão conta de várias questões ao mesmo tempo”.
Quais os sintomas de que a saúde mental não está bem?
Os primeiros sintomas começam com cansaço, quando a pessoa sente que não está conseguindo mais dar conta de tudo o que tem que fazer. “Porque todos nós, homens e mulheres, nós usamos estratégias de enfrentamento para dar conta das adversidades e chega um momento que a gente não consegue”, explica. Os riscos são de desenvolver, principalmente, ansiedade, depressão e síndrome do pânico.
Como contribuir para uma boa saúde mental da mulher?
Em uma empresa, por exemplo, na vida profissional, ter espaços de descompressão. “Uma coisa que contribui bastante ter uma creche, algum espaço em que elas possam dar atenção aos filhos, porque é uma preocupação importante das mulheres”. Ter uma rede de apoio, família e amigos, também é de grande impacto.
Suporte à saúde mental
Apesar da alta incidência de casos, é inexistente o atendimento especializado para a saúde mental da mulher, porém, as Unidades Básicas de Saúde (UBS) mais próximas atendem toda a população. “O paciente passa por uma consulta clínica e o profissional realiza um teste de rastreio para verificar o grau de risco”.
Sendo um risco baixo, ela é tratada na própria UBS. Apresentando um risco médio, ela é encaminhada para o ambulatório de psiquiatria, que vai aí sim tem um atendimento especializado e quando é um caso grave, por exemplo, um caso de idealização suicida, o paciente é encaminhado para um Centro de Atenção Psicossocial (CAPS).
Você pode ouvir este conteúdo completo no quadro “Momento Saúde”, no programa Fala Paraná, da FARCOM Paraná. O Momento Saúde é um quadro semanal dos Amigos do HC em parceria com a FARCOM Paraná, que vai ao ar todas as terças-feiras. Este é o conteúdo do Momento Saúde da última terça-feira (09).